quinta-feira, 21 de outubro de 2010

MEMÓRIAS DE INFÂNCIA

Eu sempre falei pelos “cotovelos” e era um desastre quando era miúda, onde punha as mãos, era certo e sabido que estragava!
A minha avó, que eu amava e amo profundamente, esteja ela onde estiver…(sei que me vê e ouve, sempre...) dizia com toda a ternura do mundo e sem nunca se zangar – esta criança tem uns pulsos e mãos tão pequeninas, mas estraga tanto – sorrio sempre quando me lembro da expressão dela!
Azougada e espanta a caça, é como eu me lembro de mim mesma, cheia de energia, mas como me era proibido ir brincar para a rua, proibição absoluta imposta pelo meu pai – a rua é para os rapazes, a casa é para as raparigas – lá ia eu entre o pátio da escola e as 3 assoalhadas da casa, extravasando as energias.
Lembro-me como se fosse hoje, termos ida um dia visitar a minha avó, que vivia com a minha tia Nita, e eu ter saltado pela janela da casa de banho, que dava para o hall – asneira – no hall mesmo por baixo da referida janela, havia uma arca em madeira com um elefante grande de loiça, claro que ao saltar, lembrei-me lá eu do elefante!!! Saltei e pronto, elefante no chão…pronto, lá levei uma surra da minha mãe, perante o constrangimento aflito da minha avó, que sempre me defendia, fosse em circunstâncias fosse.
Os meus irmãos, eram mais novos, andavam – enquanto pequenos – a reboque da mais velha.
Depois cresceram e juntos, pregavam-me as partidas mais incríveis – que saudades desses tempos - .
Saí debaixo das saias da mãe, aos 7 anos (meio bicho do mato, por falta de convivência com outros miúdos, apenas me era permitido as brincadeiras com o meu mano Jorge, porque o Zé Luís, vinha a caminho…)para ingressar no dia 20 de Outubro, na 1ª classe. Entrei atrasada, porque tive sarampo.
Lá fui, meio amedrontada, pela mão da minha jovem mãe, para aquele mundo novo…(a minha mãe tinha apenas 22 anos, e eu toda orgulhosa dizia que tinha a mãe mais nova da escola..)
Fui para uma escola da Voz do Operário, onde havia as 4 classes todas juntas na mesma aula, senti-me deslocada e aflita, as miúdas da 1ª classe já se conheciam todas, e eu entrei de penetra 12 dias mais tarde, sentia-me observada por todos aqueles rostos desconhecidos, alguns dos quais, pouco amistosos…
Tudo era novidade e enquanto as mais velhas iam para o quadro ou para o mapa de Portugal apontar os rios e as serras, eu em vez de fazer as letras no caderno, ficava a olhar para elas, é evidente que às 4h da tarde, a D.Isaura, era esse o nome da minha professora, não me deixava sair e lá ficava eu a chorar,  sozinha com ela a fazer o que faltava…
Enfim…isto foi nos primeiros dias, porque assim que me habituei, larguei as lágrimas  e comecei a falar pelos cotovelos…e a pintar a manta nos intervalos da aula!
Tenho imagens tão nítidas desse tempo…um dia deste escrevo mais.

1 comentário:

  1. É bom... muito bom mesmo, ires ao baú das tuas memórias e reviver - para os teus leitores - esse tempo mágico, feito de aventuras e desventuras, de alegrias e tristezas. Tempos que não voltam mas que é sempre mágico recordar...

    j.

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