segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

ALENTEJO

Quando o pão da miséria falta,
A vida veste-se de luto,
Num orvalhar de gotas de água
Outrora cristalinas.

São cinzentas as manhãs de Sol
Quando a fome aperta o corpo.

São negras as bandeiras alentejanas,
Negras da fome, sangue e raiva.

Foram-no antes, continuam a sê-lo hoje…

Bastas!   Basta!   Basta!

Grita-me a voz na boca calada

É preciso dourar a seara
E correr com as nuvens  do Sol.

Que as papoilas cubram
Os rostos velho e cansados,
Que o rir estale
Numa alegria viva e sã
Que a campina seja nossa
Como é nosso o direito de viver.


                                                                                                                       1979

Sem comentários:

Enviar um comentário