Quando o pão da miséria falta,
A vida veste-se de luto,
Num orvalhar de gotas de água
Outrora cristalinas.
São cinzentas as manhãs de Sol
Quando a fome aperta o corpo.
São negras as bandeiras alentejanas,
Negras da fome, sangue e raiva.
Foram-no antes, continuam a sê-lo hoje…
Bastas! Basta! Basta!
Grita-me a voz na boca calada
É preciso dourar a seara
E correr com as nuvens do Sol.
Que as papoilas cubram
Os rostos velho e cansados,
Que o rir estale
Numa alegria viva e sã
Que a campina seja nossa
Como é nosso o direito de viver.
1979
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