Laura
estava tranquilamente no escritório, embrenhada nos seus papéis, quando o tlm
tocou com uma mensagem…”Queres tomar um inocente cafezinho no Cais do Sodré?” –
Meu Deus… o coração disparou-lhe!
Não
conseguiu fazer mais nada, a cabeça às voltas para saber como inventar uma
desculpa e sair mais cedo.
Cruzou
os dedos, esperando que nenhum "castigo
divino" lhe caísse em cima…(desculpou-se com a mãe que já era bastante idosa) e,
quase a correr, saiu para apanhar o autocarro.
Apanhou
um, que afinal chegou a baixa e não seguia para a estação do Cais do Sodré, mas
ia em sentido inverso…, quando se apercebeu, saiu, meia tonta, procurando um
táxi, para não o fazer esperar.
Quando
o táxi deu a volta no Largo, viu… todo de branco encostado a parede da estação.
Aquele
era o seu Orixá!
Ele
que já a tinha encantado com tantas letras trocadas, ali estava em carne e osso – com as pernas a tremer saiu
do táxi – num nervosismo infantil sem explicação, e sem o conseguir disfarçar…
O
seu misticismo e sensualidade de escrita o seu tom de voz há muito que lhe
tirava o sono…
-
Depois de longas conversas com ele, umas sérias outras na paródia, de ouvirem
horas da musica que ambos tanto gostavam, ela deitava-se com a imaginação
latejante, de como seria o homem que encarnava um ser tão diferente do comum
mortal … e pensava que conhecer uma pessoa como ele, era um bálsamo.
Era
difícil encontrar um homem com aquela inteligente sensibilidade e o
conhecimento e amor pelos animais e pela natureza.
Sentiu
aquele abraço gostoso e apeteceu-lhe ficar assim, sem se mexer, em silêncio,
apenas a ouvir a respiração… parecia uma adolescente com mil sensações!!!
Tomaram
o inocente café, numa esplanada em frente ao rio.
Levemente
os seus dedos foram-se tocando, e de
seguida as mãos se entrelaçaram, numa cumplicidade muda, com o Tejo por testemunha .
Laura não conseguia descrever
com palavras aquilo que sentia naquele momento – (as coisas boas sentem-se com
a alma, não se descrevem).
Só
sabia, que profundamente, a sua voz, o seu olhar, o calor das suas mãos… tinham
tomado conta dela!
Não
era sonho, era realidade, ele estava mesmo ali.
Entregou-se
a ele…sem ele saber!
Quando
entrou no autocarro de regresso a casa, trazia com ela o som da sua voz, o
toque, o cheiro da maresia misturado com o café…e nos lábio um beijo fugidio e
medroso…
Tinha
encontrado sem querer o seu sonho de mulher-menina e custava-lhe a acreditar
que Deus lho tivesse concedido, numa tarde quente de Junho.
Mas
era verdade… o seu sonho existia mesmo, era real e, Laura
tem a certeza que tudo o que acontecia na vida tinha um significado, nada
acontecia por acaso!
O
futuro só a Deus pertencia mas Laura não queria pensar em mais nada, apenas
reviver aquele momento, sabia que fosse qual fosse o futuro, aquele momento
seria sempre para recordar.
Pois é, minha querida, sonhos às vezes tornam-se realidade.
ResponderEliminarA Laura sonhava com o seu Orixá todo de branco vestido... e teve a felicidade de o conhecer e não se desiludir no acto (às vezes com o conhecimento vem a desilusão...)
Nunca se sabe o que o futuro nos reserva, mas uma coisa ela tem como certa: a recordação, que ficará para sempre, dos momentos felizes que viveu à mesa dum café do Cais do Sodré - até rimei:))))
O "sonho de amor", de Liszt, é lindo, e ouve-se sempre com imenso agrado.
Uma forma suave de começar o dia - não é bem começar... porque me levantei há, precisamente, duas horas e vinte minutos, ou seja, às 7,15H.
Vou me deixar de paleio, que tenho muito que fazer, minha menina.
Vê se passas um fim de semana à maneira :)
Beijo com alguns quilómetros de comprimento... para chegar aí.
Neste momento recordo uma cena parecida, também ao pé de um rio... e que permanecerá para sempre na minha memória como uma das melhores coisas que já me aconteceu :)
ResponderEliminarUma história de amor com todos os "matadores". A angústia inicial "ai se eu não posso" ir, a atrapalhação pelo meio "apanhar o autocarro errado", o encontro com o Orixá e o resto.
ResponderEliminarMomentos para recordar...isso pelo menos fica.
Uma boa história de amor.
Como gosto de brincar mesmo com coisas sérias, apetece-me perguntar: o Orixá era vendedor de gelados? Assim todo vestidinho de branco...
Bjo.
Um imenso sorriso....
ResponderEliminarJ.