O fim do ano estava a
chegar e o telefone já tinha tocado várias vezes com convites para não ficar em
casa.
Mas Maria foi
declinando, com a sua simpatia habitual todos.
Há muitos anos que
estava sozinha e com o avançar da idade, cada vez menos lhe apetecia ir a
contra gosto, só para ser agradável…
A vida tinha sido
para ela mais madrasta que mãe, mas mesmo assim continuava a ser otimista e sem
traumas.
Tinham-na “castrado e
cerceado” toda a vida nos pequenos prazeres que podia ter tido … Agora já era
tarde para poder vivê-los.
Embora algumas vezes
se sentisse sozinha, convivia perfeitamente com a solidão, ela era a sua
confidente…
Já podia ter refeito
a vida, mas nunca o quis fazer.
Maria sorriu e
recordou a velhinha canção da Mara Abrantes…”quem eu quero, não me quer…quem me
quer, mandei embora…”
O destino tinha-lhe
pregado uma partida, mas essa mesma partida fê-la sentir-se viva!
A falta de
sinceridade nos afectos era coisa que a continuava a magoar, mas ela não era
ninguém para tentar modificar o feitio das pessoas.
Sabia perfeitamente
quando lhe davam desculpas esfarrapadas, mas fingia que acreditava.
Os filhos
criticavam-na por ela se isolar cada vez mais e insistiam constantemente para
ela sair.
Mas Maria respondia-lhes
com a ternura habitual:
- Aproveitem vocês a
vida meus queridos, já que eu não o consegui fazer!
E eles, embora não
desistissem, sabiam que a Mãe quando dizia que não, era não mesmo.
Os fins de Ano para
ela, eram altura de reflexão e balanço.
Se não podia estar
com quem gostaria, então era melhor ficar tranquilamente sozinha.
Afinal era um dia
igual a tantos outros, a diferença era que à meia-noite mudava o ano.
E quando as doze
badaladas soassem, Maria iria pedir a Deus, como sempre fazia, que o Novo Ano
trouxesse Paz, Saúde e Felicidade para todos os que amava, e que a
solidariedade e o amor não fossem palavras vãs.
Recordaria todas as
ausências com saudade, mas sabia que todos faziam parte de uma constelação de
estrelas brilhantes com um espacinho para a acolher um dia.
Se todos dessem um
pouco de si ao próximo, certamente que o Mundo seria bem melhor.
Maria era uma
sonhadora, sabia que isso nunca seria possível, mas continuava a acreditar e a
sonhar com um Mundo Melhor.
A todos os meus leitores que ao longo destes anos por aqui foram passando e deixando os seus carinhosos comentários, os meus desejos sinceros que 2016 vos traga tudo o que de bom merecem.
Um imenso beijinho e um obrigada pela vossa presença, sem vós este blogue não teria nenhum sentido.